quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

um minuto para sofia.

8 horas de trabalho; 8 chefes.
8 dígitos só em suas dívidas, no salário, 4 ou 3 para total desespero.
Lá depois do terceiro café, o tempo passa como conta-gotas de xarope de criança, mas não é doce esperar pela prometida liberdade da badalada das 18:00 horas.
Como Hércules, ao chegar no aconchego do lar, tente somar 57 x45, sem calculadora, não é nada fofinho, só mesmo seu travesseiro parace ser de algodão.

Não dá pra ficar em pé dentro do redemoinho, pergunte às formigas sugadas no tanque de casa em nossa infância traquina.

O espaço curto entre nova jornada e outro pesar, e porque não pecar, vendendo a juventude em algo mortal como o trabalho inválido, você não consegue preencher com nada produtivo.
Big brother, sitcons, novela, morfina, morfina morfina.

Mas há dias em que a mente parece esponja, e um documentário sério sobre Seurat, sobre as óbvias prostitutas que ele merecidamente enalteceu, parecem casar perfeitamente com seu apetite intelectual. De repente concentrar-se em algo complexo, aproveitar o descanso sem a obrigação de produzir parece a Lua de Vinícius de Moraes, plena na terra.

O verbo aproveitar não comporta este minuto, requer o enjoy, do inglês, que enche a boca de saliva...não chega a ser bom como beijo, mas a felicidade, neste momento em que as portas de seu cerebelo se abrem como pernas de pecadora, aí está a felicidade, aprender algo ou alguém, hoje.

Les Poseuses - George Seurat



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

tem sempre na bolsa.



São poucas notas, talvez nem fizessem diferença. São pequenas respirações entre elas, a nostalgia da luz incandescente, o quarto quente, velhos cheiros.
Seres introspectivos costumam se apegar a detalhes, são uma família útil quando o restante do mundo parece não ter tecla SAP. Em dias apertados assim ele chega.

No começo pensamos não precisar dele, tentando recuperar a euforia da vida, guitarras ou samples...mas não adianta, a velhice chega, e ter trinta anos na companhia deste moço não parece tão deprimente, pelo contrário, parece anos 50 no pub, parece batom vermelho na boca de mulher madura, um oceano de más reputações.

Ocasionalmente, tenho de admitir a dependência, de seus acordes inéditos, do amor que ele faz com um trompete que eu sempre pensei que fosse sax. Tenho de confessar que o desejo, e que o odeio por conhecer os esgotos mais cinzas de minha solidão.

Nem sempre eu me conheço, mas Mr. Davis me rememora, por alguns minutos, até que um novo amanhã apague a luxúria de tê-lo tão perto, onde somente este ousado chegará.


Sobre o filme GILDA: "O jogo de esconde-esconde, o quer e não quer, o ama e odeia, sensações misturadas e opostas, contraditórias e incoerentes... tudo isso faz de Gilda um filme sedutor e instigante. Sei que alguns poderão dizer que é apenas uma comédia romântica da década de 40, com todas as limitações cinematográficas (os efeitos especiais são precários perto do que temos hoje, claro). isso é fato. Mas é uma comédia romântica dos anos 40 absolutamente deliciosa e divertida. Os diálogos são inteligentes e afiados. As músicas, sobretudo as interpretadas por Rita, caem como uma luva para o filme. E por falar em luva... não poderia deixar de mencionar a clássica cena do streap tease da luva. Rita consegue enfeitiçar o telespectador e todos os homens do filme enquanto tira apenas uma luva..."
http://www.cinemaemcena.com.br/Critica_Detalhe.aspx?id_critica=1355&id_tipo_critica=1


So What - Kind of Blue - Miles Davis

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Hoje, a gente chora.

Eu tentei. Tentei por meses conter impulsos, alguns suicidas, a maioria criativos. Escatalogia a parte, hoje é um dia especial para uma mensagem emotiva, quintas feiras são muito emocionantes para quem acredita no Deus da sexta-feira.
Hoje esta humilde heroína anônima achou um novo caminho para o lugar comum do homem pós-moderno, o trabalho. Detalhes são desncessários quando os ladrilhos amarelos aparecem.

Coração no lugar certo, trabalhando com prazer às 22:24, jurei que não ia me excitar demais com essa descoberta, já fui policial, bandido, bombeiro e ascensorista o ano passado. Subindo e descendo nas desilusões humanas, hoje a ilusão eterna teve início. Como aquele amor de balançinho de praça, bom e feliz até que seu amado te mande na cara o primeiro punhado de areia.
Compartilhado o sonho com os outros ursinhos do bando, que insistem que eu devia continuar existindo desde quando eu ainda era um zigoto, jurei que não ia chorar por estar feliz pela primeira vez em pouco mais de 100 anos, que na verdade foram dez. Mas infelizmente o masoquismo persiste e ao som de "This is your life", The Killers cumprem sua missão de aniquilar a moçinha.

"Wait for something better
."

Sapatinhos vermelhos, sempre!