Autores não gostam muito de seus aniversários. Talvez porque aniversários nos relembrem que estamos atrás do tempo e não ele no compasso de nosso fôlego. Há autores sim que ao invés de aceitar o tempo, se deixam tentar por algo chamado História, mas como genuína fêmea essa Jezebel não pode congelar-nos no espaço.
Mas para os anônimos, autores da madrugada fiel, aniversários nos relembram apenas que estamos quase na alcova da morte. Gritos existenciais não são muito eficazes; e particularmente esta anômima, em seu aniversário, gosta apenas de relembrar o cheiro da mãe e o sorriso do pai, e a teimosia de ambos em lançar semente nesta ingrata vida.
Poderiam ser sete dias de hoje que me separam de um outro mundo chamado maturidade, e poderia eu achar que iria descansar no derradeiro. Mas são onze, e no décimo primeiro não me tornarei borboleta, porque borboletas são apenas pequenos caixões estonteantes... feliz é a lagarta, que pode renascer quando quiser, ou mesmo não nascer, nesta eterna potência de ser, enganando o tempo como ele faz conosco a cada alvorada.
Hoje, ao mesmo tempo que daqui 11 dias começa uma linda jornada para esta autora medíocre, anônima neste canto surreal onde os dedos dos seus próximos não a tocam. Hoje, o trem de meu destino carrilhou no primeiro trilho, falta a montanha verde e a cerração, falta o sorriso e a lágrima, porque em toda viagem, bom é a saudade de algo que já ficou para trás, feito fumaça de lenha na ferrovia.
"A mind full of questions, and a teacher in my soul
And so it goes... "
And so it goes... "
" ...e particularmente esta anômima, em seu aniversário, gosta apenas de relembrar o cheiro da mãe e o sorriso do pai... "
ResponderExcluirjá valeu minha vinda no blog
vc consegue reunir palavras bem ditas e sentimentos intensos com uma inteligência indiscutível...