terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

É fevereiro, mais uma vez.




Autores não gostam muito de seus aniversários. Talvez porque aniversários nos relembrem que estamos atrás do tempo e não ele no compasso de nosso fôlego. Há autores sim que ao invés de aceitar o tempo, se deixam tentar por algo chamado História, mas como genuína fêmea essa Jezebel não pode congelar-nos no espaço.

Mas para os anônimos, autores da madrugada fiel, aniversários nos relembram apenas que estamos quase na alcova da morte. Gritos existenciais não são muito eficazes; e particularmente esta anômima, em seu aniversário, gosta apenas de relembrar o cheiro da mãe e o sorriso do pai, e a teimosia de ambos em lançar semente nesta ingrata vida.

Poderiam ser sete dias de hoje que me separam de um outro mundo chamado maturidade, e poderia eu achar que iria descansar no derradeiro. Mas são onze, e no décimo primeiro não me tornarei borboleta, porque borboletas são apenas pequenos caixões estonteantes... feliz é a lagarta, que pode renascer quando quiser, ou mesmo não nascer, nesta eterna potência de ser, enganando o tempo como ele faz conosco a cada alvorada.

Hoje, ao mesmo tempo que daqui 11 dias começa uma linda jornada para esta autora medíocre, anônima neste canto surreal onde os dedos dos seus próximos não a tocam. Hoje, o trem de meu destino carrilhou no primeiro trilho, falta a montanha verde e a cerração, falta o sorriso e a lágrima, porque em toda viagem, bom é a saudade de algo que já ficou para trás, feito fumaça de lenha na ferrovia.


"A mind full of questions, and a teacher in my soul
And so it goes... "

Eddie Vedder - Guaranteed




Um comentário:

  1. " ...e particularmente esta anômima, em seu aniversário, gosta apenas de relembrar o cheiro da mãe e o sorriso do pai... "

    já valeu minha vinda no blog

    vc consegue reunir palavras bem ditas e sentimentos intensos com uma inteligência indiscutível...

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