terça-feira, 23 de março de 2010

Cadê o Pampi?*


Já nascemos lutando. Uma força extraordinária nos empurra para fora, uma mulher, mãe de sua mãe nos empurra, a Prostaglandina. Então, se jogados no mundo somos, assim permaneceremos? O que nos leva a mover esta mão invisível que nos empurrou contra vida, tentando criar um caminho que começa por outra força, e à uma derradeira sucumbe?
Post inquisitivos, interrogações são coisas pertubadoras, talvez por isso a autora não consiga aprender o Espanhol.

O espaço que fazemos no mundo... formigas pretenciosas que somos.

Estou lendo o segundo volume de Bambi, do Atshusi kaneko, o venho saboreando entre meus cascos velhos de cavalo preguiçoso. E lá pelo meio do livro, Bambi prova seu nascimento sobrenatural, no qual não houve prostaglandina... não há ser que a empurre, não há ser que a remova.
Para nós mortais, tem de se imaginar a porta chutada de Bambi. Todos dias, todos minutos, todos segundos.

Não acho que todos nós saibamos ou pensamos que podemos alcançar o que não nos permeia. Como numa viagem longa, e com somente um embornal, sabemos que hoje podemos, amanhã nos viramos, se persistir a sede da luta...como a de Kratos que não se conforma em ter sido nascido, vem parindo os outros através de sua entranhas...Kratos não mata pela espada, ela somente completa o que já aconteceu em seus lúcidos sonhos;

* Pág. 28, Bambi, Vol2, Atsushi Kaneko.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Como nascem as bundas.




Já tem gente acreditando que pequenas maquininhas, menores que alfinetes e Sr. Mindinho, podem, uma vez inseridos no corpo humano, curar o câncer, prevenir doenças, mudar metabolismos...é a nanotecnologia.

Mas tem outras coisinhas pequenas que vêm mudando a humanidade desde que o primeiro chimp resolveu dobrar o polegarzinho (que me desculpem os biológos pelos salto evolutivo, e os criacionistas pela óbvia verdade...hehe), são os genes, que determinam se o seu nariz vai sofrer um providencial desvio de septo tipo janet jackson, ou se aos 18 anos você já vai passar pela primeira mamografia.

Mas o que isso tudo tem a ver com a Carla Perez? Ué, bundas tem apenas dois caminhos para o nascimento, ou você reconhece sua bisa de boca grande e perna grossa, ou disfarça no orkut se declarando caucasiano, branco ou Thor para ser mais convincente.

Bundas, infelizmente, não nascem da "leveza da arquitetura da mulher brasileira", eufemismo bossa nova que só quer dizer mesmo que a família da moça, como 9 em 10 brasileiras, tem a melanina como nanoagente.

Mas nem toda mulher negra tem bunda grande, que o diga a autora econômica que herdou apenas um quadrilátero texturizado com casca de laranja... essas pequenas maravilhas, os genes, é que fazem cada bebê um explosão de flores de pano de mágico de quinta série.

Mas oh tia..e o silicone? Me diria um dos meus priminhos que já parecem meus sobrinhos e que infelizmente já conhecem o rebolation....bom, o silicone esse sim merece eufemismo, é aparato estético correcional unicórnio, faz mágicas de cartola de coelho, e bebês em série, afinal quem é que resiste a esta tecnologia?

"Nanotechnology is the engineering of functional systems at the molecular scale."

http://www.crnano.org/whatis.htm

quarta-feira, 3 de março de 2010

já ia me esquecendo do tatu.


Dizem que ritos de passagem são rituais de sociedades primitivas, bom pelo menos o wikipédia diz isso. Não sei porque, aos 30 anos, resolvi eu tentar o mais doloroso deles, (isso dizendo sem conhecer as práticas de boas-vindas do regime chinês...), e o mais cool do momento.

Não fiz uma tatuagem para parecer legal, aliás, minhas poucas amigas que o digam, Raj não gosta muito de ser legal. Também não fiz pra ficar mais sexy, como as estrelinhas nos ombros que querem dizer que seu peitinho é novo, ou a borboletinha no pescoço que promete asas ao seu derriére, ou ainda as estrelinhas no pulso, que deixam claro que você até curte um caetano (argh), mas quer casar na igreja pra vovó pensar que sua orelha ainda é virgem.

Dentro dessa filosofia do "nãosabismo", companheira de todos os dias, acho que fiz uma tatuagem para sair do armário, e tentar aliar a masculinidade de meu rosto paterno, à misantropia do preconceito inicial que tatuagens costumavam causar. Que engano, escolhido o desenho, um código, a carta de amor de meu primeiro amante, ninguém está nem aí para o fato de eu ser tatuada.

É nesse ponto que eu queria chegar, no ponto de ônibus, onde duas necessidades se encontram, a sua de transportation, (qualquer uma menos rebolation), e a da concessionária de diamantizar a gasolina. Com uma tatuagem hoje, sou mais invisível, do quando era confundida com crente, atrás de meus oculinhos grossos e de cara limpa.

Eu precisava entender, através deste rito, que as pedrinhas que vc monta na sua fonte de carpas do conhecimento, não precisam de outras pessoas pra terem efeito...assumir a si mesmo, é assumir que outras pessoas não vão, não tem, e não precisam te entender;
Quer ser você mesmo? Comece pelo espelho, o mundo aí fora, assim como nós tem o direito de cavar o próprio buraco, seja ele onde for, casca grossa serve pra isso, para o tatu cruzar o tempo tenro de coração.





A palavra ianomâmi significa ser humano.* (significa dizer todos nós!) e aí quem é primitivo?
"evoluídos" somos nós que além de segregar gêneros homem e mulher, fazemos da segregação pão de padaria.


segunda-feira, 1 de março de 2010

ainda quente.

Hoje, pela primeira vez, Mr. Mailler me deixou. Não haviam sinais de que isso aconteceria, afinal foram três meses de uma tórrida paixão, de beber de suas aliterações insinuantes, de sua necrofilia viva, vermelha dentro de uma mente completamente estrelada.
Confesso que não queria continuar com nossas intimidades depois que Rojack matou Deborah numa redenção mais que merecida. Relacionamentos doentios acabam por conferir uma legimitadade de posse, viril mas fatal, principalmente quando o pior de nós está na memória do outro.
Mas prossegui tentando absolver Rojack, absorvendo Norman e sua mente podre como ouro de pirata que só tem valor se for marginal. Eu não sei se Stephen matou Deborah, internamente. Mesmo que suas mãos tenham dado cabo ao serviço, chamá-lo de assassino seria condenar todos aqueles que não se conhecem no espelho quebrado da própria existência.
Não há nada de sobrenatural em Um Sonho Americano de Norman Mailer, e por isso passar um verão com este profano é tão pertubardor... através da realidade o mal da humanidade se redimensiona, e iguala todos nós, nos separando somente pela primeira respiração, leve e serena como o último suspiro de

Deborah.

Meet you next summer Mr. Mailer.





"Os sensatos nunca são livres."

pág. 215, Um Sonho Americano, Norman Mailer.