segunda-feira, 1 de março de 2010

ainda quente.

Hoje, pela primeira vez, Mr. Mailler me deixou. Não haviam sinais de que isso aconteceria, afinal foram três meses de uma tórrida paixão, de beber de suas aliterações insinuantes, de sua necrofilia viva, vermelha dentro de uma mente completamente estrelada.
Confesso que não queria continuar com nossas intimidades depois que Rojack matou Deborah numa redenção mais que merecida. Relacionamentos doentios acabam por conferir uma legimitadade de posse, viril mas fatal, principalmente quando o pior de nós está na memória do outro.
Mas prossegui tentando absolver Rojack, absorvendo Norman e sua mente podre como ouro de pirata que só tem valor se for marginal. Eu não sei se Stephen matou Deborah, internamente. Mesmo que suas mãos tenham dado cabo ao serviço, chamá-lo de assassino seria condenar todos aqueles que não se conhecem no espelho quebrado da própria existência.
Não há nada de sobrenatural em Um Sonho Americano de Norman Mailer, e por isso passar um verão com este profano é tão pertubardor... através da realidade o mal da humanidade se redimensiona, e iguala todos nós, nos separando somente pela primeira respiração, leve e serena como o último suspiro de

Deborah.

Meet you next summer Mr. Mailer.





"Os sensatos nunca são livres."

pág. 215, Um Sonho Americano, Norman Mailer.

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