quarta-feira, 3 de março de 2010

já ia me esquecendo do tatu.


Dizem que ritos de passagem são rituais de sociedades primitivas, bom pelo menos o wikipédia diz isso. Não sei porque, aos 30 anos, resolvi eu tentar o mais doloroso deles, (isso dizendo sem conhecer as práticas de boas-vindas do regime chinês...), e o mais cool do momento.

Não fiz uma tatuagem para parecer legal, aliás, minhas poucas amigas que o digam, Raj não gosta muito de ser legal. Também não fiz pra ficar mais sexy, como as estrelinhas nos ombros que querem dizer que seu peitinho é novo, ou a borboletinha no pescoço que promete asas ao seu derriére, ou ainda as estrelinhas no pulso, que deixam claro que você até curte um caetano (argh), mas quer casar na igreja pra vovó pensar que sua orelha ainda é virgem.

Dentro dessa filosofia do "nãosabismo", companheira de todos os dias, acho que fiz uma tatuagem para sair do armário, e tentar aliar a masculinidade de meu rosto paterno, à misantropia do preconceito inicial que tatuagens costumavam causar. Que engano, escolhido o desenho, um código, a carta de amor de meu primeiro amante, ninguém está nem aí para o fato de eu ser tatuada.

É nesse ponto que eu queria chegar, no ponto de ônibus, onde duas necessidades se encontram, a sua de transportation, (qualquer uma menos rebolation), e a da concessionária de diamantizar a gasolina. Com uma tatuagem hoje, sou mais invisível, do quando era confundida com crente, atrás de meus oculinhos grossos e de cara limpa.

Eu precisava entender, através deste rito, que as pedrinhas que vc monta na sua fonte de carpas do conhecimento, não precisam de outras pessoas pra terem efeito...assumir a si mesmo, é assumir que outras pessoas não vão, não tem, e não precisam te entender;
Quer ser você mesmo? Comece pelo espelho, o mundo aí fora, assim como nós tem o direito de cavar o próprio buraco, seja ele onde for, casca grossa serve pra isso, para o tatu cruzar o tempo tenro de coração.





A palavra ianomâmi significa ser humano.* (significa dizer todos nós!) e aí quem é primitivo?
"evoluídos" somos nós que além de segregar gêneros homem e mulher, fazemos da segregação pão de padaria.


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