terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

tá baixando alguma coisa?


No século passado, e neste, juntar as escovas de dente foi e continua sendo um grande motivo para brigas. O amor dos namorados, depois de seis meses dormindo e acordando juntos, acaba se transformando em uma convivência rançosa, na qual a pasta de dente vira pólvora.

Meu avô e minha avó, por exemplo, brigavam porque meu avô teimava em engravidar minha avó a cada dois anos, o que exigia dela muito mais que diálogo...exigia dela uma estranha intimidade com a própria bexiga.

Já meus pais, brigavam muito pela louça suja e sobre alguns títulos de nobreza, tais como “dona de casa” e chefe de família”.

Eu, que evitei o casamento como alguém que evita uma DST, imaginava que brigaria pelas mesmas coisas, que o casamento era uma coisa muito chata e difícil, como brincar com um amigo que quer pular corda quando você quer brincar de roda.

O marido e eu brincamos das duas coisas. Ele roda e eu pulo muitas cordas, mas quando o assunto é download, algo pelo qual minha avó brigaria também se pudesse baixar todas as novelas da Globo, nós dois pombos nos bicamos muito freqüentemente.

Ora, que insulto o marido da gente perguntar se estamos, em pleno século XXI, baixando alguma coisa?

A resposta, além de legal..hehe, é óbvia: Presuma, sempre, que estou baixando alguma coisa!

Quando me sento na frente de meu desktop é como se os portões de Grayskull se abrissem, como se olho de Thundera se iluminasse.

Por isso, a resposta da esposa hightech, quase uma máquina de dividir tarefas domésticas, sempre vai ser sim. Assim como as brigas de casal, oxalá um dia, serão sobre quem desviou a fibra ótica, ou quem deixou o carro espacial fora da “garagem”.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

2012, o ano em que fizemos contato


Geralmente gosto do meu cabelo. Ele é grosso, escuro e, como eu, é melhor quando está perto de um ferro quente. Virei o ano nessa vibe, amando meu cabelo e com uma fé renovada no uso da chapinha, mas depois de dois meses descobri que o cabelo que foi anexado à minha cabeça não é meu.

Olho-me no espelho, procuro e sei que esse cabelo vermelho de pontas quebradiças foi implantado por alguém assim como a releição de Bush. Fosse tempos atrás eu teria coragem para cortá-lo, mas ele tem crescido muito desde que os aliens fizeram contato.

Mesmo assim eu tenho que me perguntar porque nós, mulheres negras, estamos fadadas a acordar um dia com um cabelo ET, pronto para atacar seu próprio hospedeiro. Nessas horas uma máquina na zero é tão atraente quanto sapatilhas de promoção no facebook.

Amônia, guanidina, formol...todas intervenções de uma forma de vida inteligente que na verdade odeia cabelos e quer vê-los mortos.

Felizes de minhas amigas que não aceitam essa colonização forçada e mantêm as madeixas virgens à sujeira interplanetária que se escondem nos salões de beleza.

Ok, aliens, vocês venceram. Mas no próximo implante não dá para eu parecer mais com a Paula Lima? O look vassoura já tem um tempo, e com certeza nem a Cher gosta mais disso.