sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

1980, o ano de minha morte.

Antigamente o pior dos pesadelos maternos era a sexualidade do filho ou da filha, que insistia em usar bermudas largas e boné xadrez, como foi o meu caso. Recentemente descobri que minha mãe, judia algumas vezes, tem dificuldades em aceitar o fato, para ela vergonhoso, de que eu seja uma insensível sartriniana.
Parece palavrão, e deve magoá-la, que em meio a um leque de filosófos mais entuasísticos com o presente "supremo" que é a vida, eu tenha escolhido Jean Paul Sartre para responder minhas mais profundas perguntas.

Conheci o rapaz em 1999, um ano antes do que seria o fim do mundo para um outro bando de loucos, os "nostradaminianos", e enquanto todos se preocupavam com o que fazer se o mundo acabar (locubração inútil convenhamos...), eu me preocupava: E se o mundo não acabar? o que vou fazer com o resto da minha vida?

O fim do mundo, pelo menos para mim, parecia uma boa solução para meu dilema da escolha das profissões, ouvindo papai, e entrando no gesso jurídico, ou entrando no greenpeace depois da formatura em biologia...

Aqui estou engessada, o mundo não acabou em 1999, e eu aprendi a maior lição de Sartre, você é aquilo que escolhe ser. A escolha para Sartre é sempre uma angústia, e mesmo não escolher nada já é uma escolha, idéia brilhante, que minha progenitora pseudosemita diz ser bobagem.

A vida seria então essa infindável série de escolhas angustiantes, que levarão a um único fato que não se pode realmente escolher?

Uma vez nascidos não podemos escolher não morrer, mesmo que Dercy Gonçalves tenha tentado provar o contrário. Nascer é a primeira morte, e isso não é um verso emo, é Mounsier Sartre all over...

Admiro outras coisas estranhas sobre Sartre, como o fato de ele ter o mais célebre relacionamento aberto da história e não ter enfiado, ou ter sido enfiado..calma..com uma faca no peito. Ele é o maior inimigo de Deus, morou em paris, e morreu em 1980, um ano muito bom para se morrer, que o diga eu, que comecei a morrer em 1980 e estou procastinando essa tarefa até hoje, para o desprezo de todo capitalista, deixe pra amanhã, o que você pode fazer hoje, afinal, escolher a morte não podemos, ela já nos escolheu, sorria!




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