quinta-feira, 13 de maio de 2010

955.38




Tem um recado escrito na parede do banheiro da pedagogia. Está lá, escrito, em três pequenas frases, em pouca simetria, acima da linha que divide os ladrilhos, azulejos trópicos, areias inertes.
Está lá um recado insano, de alguém carente que escreveu na parede do banheiro à procura de um outro alguém. Meio vulgar, meio mensagem. Isso contudo não é importante. Importante é como pude ler esse recado escrito na parede do banheiro da Pedagogia. Eu não devia estar lá, não poderia estar lá, na verdade, imensa mesmo em azul, eu jamais estive lá. Estar em frente ao recado escrito na parede do banheiro da Pedagogia era o mesmo que estar em qualquer outro lugar, ou nos lugares em que eu deveria.
Depois daquele banheiro senti o que poderia ou deveria ter sentido no dia em que nasci, o pensar curioso, o desespero discreto de não se saber o onde, ou porquê e nem o que era tempo. Há algum tempo subi na casa da árvore, mas pagar-se-á o preço, infância é outro interdito, visitamos uma vez, sem querer, jamais voltaremos.

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