sábado, 29 de maio de 2010

O Incrível Vestuário das Palavras.



Vida é repetição. Não tem mistério, coloque um vinil do creedence na vitrola do seu avô, mesmo que você não tenha um, e assista. Life is repetition. Escritores também, querido leitor, são seres cíclicos, que podiam muito bem morar dentro de um raio de uma bicicleta interestelar.
Falamos sobre coisas, coisas que falam muito sobre nós.
E para estarmos despidos diantes de todos, usamos estas imensuráveis partículas de som, pequenas oscilações de onda, palavras. Palavras, no entanto, não se repetem. Mentalize: repete, repete, repete, repete... são quatro irmãs, nenhuma repetindo o mesmo marido. Por isso, dessas pequenas podemos nos utilizar de diversas entonações, de outras caras que não as nossas, de outros ouvidos, alheios aos nossos gritos. Cada palavra para cada ocasião, elas nos vestem de outros sentidos, limitados que somos morando em eternas bolachinhas pretas.

Explica-se aí, inultimente, porque estes escritores eróticos, pelados pelas madrugadas, vestem o que querem dizer obedecendo à uma etiqueta sem misericórdia, algumas palavras são feitas para gritar, outros para a fala eloquente, outras para o susurro cálido.
Cada voz, uma saliva, outro elemento importante em nosso clube de stripper.

Já falei do filme The Notebook umas cem vezes, repetition, repetition...mas quando Allie gritou para Noah: Why didn´t you write me? Why? mataram-se aí todos os susurros, tímpanos sangram, corações se dilaceram.

Quisera eu que se tratassem de sussurros, esses sim merecem ser repetidos, em palavras pequenas e lentas, carameladas até entre beijos não dados.

Susurros leitor, são roupa de baixo, não cobrem nada, nem a vergonha da gente, nem o suspiro que sempre os seguem.

Esperando o quarto de pintar, sempre.

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