sábado, 17 de abril de 2010

Autoapresentação

Texto produzido na primeira aula do curso de Letras. 2010. Disciplina: Estudos do Texto.

Nasci em uma quarta-feira de cinzas. Era de se esperar que a euforia do Carnaval, o calor das pessoas, os batuques e barulhos pudessem atrair-me à folia. Total engano. Já na creche do trabalho de minha mãe as cuidadoras davam conta de uma calma meio isolada, e de que meus pais poderiam produzir mais algumas três “Olívias”, tamanho era o deleite de minha silente companhia.

Seguiram-se os anos. Lá por meados de 1987, passado grande trauma pessoa vivido por mim por ocasião da morte de Tancredo Neves, eis que meus pais são chamados na escola, não devido ao boletim impecável, mas, sim, pelas “más” companhias estabelecidas no primeiro semestre escolar na primeira série primária. A melhor amiga, companheira de lanche no opressivo colégio particular era a faxineira da escola, de setenta anos, único componente étnico similar naquele novo universo. Iniciava-se a terapia!

Freud, Jung e poucos amigos, mãe, e eu estabelecemos na adolescência um excelente contrato, no qual acordou-se que nas festas de escola, se cumprida frequência atpe às 22:00 horas, incentivos remuneratórios seriam liberados. Não sabia a genitora que me na bolsa, tipo mochila, cor de caramelo, havia sempre um livro para as três horas obrigatórias de comparecimento.

Não me considero arrogante, tampouco solitária, mas a timidez que me impede de sambar apesar do aniversário temático é traço difícil de superar, como muro de vizinho que tem mangueira frutada, rala dedos e joelhos e lá pela quinta tentativa produz resultado.

“Aos poucos ela se ajeita”, sustenta o pai conformado, mas a mãe que jamais desiste ainda pergunta resignada:

- E, então, filha, já conheceu todo mundo na primeira aula do curso de Letras?





Yes, Beth, it´s fun to be me, or you.

Nenhum comentário:

Postar um comentário