terça-feira, 13 de abril de 2010

crocodilos sabem.



Já faz alguns dias que eu não choro. Alguns 70 dias desde a última folhagem. Não que eu sinta falta destas parasitas sobre meu rosto, mas lágrimas que não secam podem ser pior que esmalte vermelho, duro desde a última estação.
O problema é que neste pequeno reino, que criei sob diversas outras secreções, posso ser incoerente e fugir ao tema, posso fingir aqui que não preciso passar em Linguística, fingir até que a fulana não existe, e dizer que na verdade chorei há exatos sete dias.

Não foi o romper usual, a fúria depressiva que ocorre geralmente quando Sr. Sartre esquenta minha mão por debaixo do edredom que eu protejo do mundo, lá pelas meias noites, meias nas poucas quatro horas que restam pra dormir depois da visita ir embora.
Chorei sim, mas bem diferente, pois não havia vazio enchendo e sim, um cheio grosso de ansiedade, supitando...eu estava longe de minha Parnáso, by the very first time... no inglês porque não tem outro jeito de marcar uma primeira vez como com very, nem mesmo a dolorosa surpresa que persegue virgens velhas.

Até que enfim as vidas que habitam meu inconsciente, estes embriões barulhentos, de cidades cujas rodoviárias ainda não conheci, têm expectativa de vida, os nove meses começaram de verdade.

Nunca chorei por coisas muito importantes, duas vezes foram por coisas que não existem, saudade de pessoas as quais não permiti partir, por isso prefiro acreditar que ainda não partiram. Por homem também não chorei, pois não tinha amado de verdade até bem pouco tempo, e tendo encontrado o amor verdadeiro aos 25 anos, as mútuas lágrimas que trocamos ao longo destes preciosos anos foram calos de nossas próprias teimosias, de crianças perdidas que somos nos incidentes que nos produziram; de nossos passos de Peter Pan que ainda não voa.

Não sei se consigo escrever o C mais um vez nesta altura, infelizmente a Linguística tem lá algumas razões transparentes, mas o certo é que foi bom chorar por algo que hoje existe, ao invés de algo que se limitava a transparecer...ainda falta o pó mágico, mas este virá dos cascos roçados no asfalto destas novas estradas, secas por uma alegria devidamente incoerente.

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