sexta-feira, 2 de abril de 2010

Intangível.


Nunca gostei de Trigonometria. Gostava mesmo era de enrolar meus dedos entre os cachos de meus cabelos, recentemente cortados, toda vez que ouvia alguma coisa sobre ângulos. Apenas uma coisa no entanto me chamava atenção em toda fábula artimética, ou seja, como círculos e parábolas articulavam-se em tangentes.

Tangenciar, parece tangerina, e com certeza estas duas primas são bem ácidas. O fato é que este conceito de tangente, que é de tocar algo no limite entre não tocá-lo e ao mesmo tempo tocá-lo no único ponto em que se pode tocá-lo sem invadi-lo sempre foi minha grande fascinação. Porque a exata medida entre tocar e estar ausente é como andar em cima de um muro bem fino, um pequeno espaço quadrado de materialidade...

E quanto de nós deixamos realmente acessível? Somos muros finos de terrenos abandonados por donos esquecidos?

Hoje assisti a "Lars and the Real Girl", outra bola bem fascinante. Ainda não consigo bem entender o que devia do filme, mas como conceber um filho, dias parecem ser bem importantes em processos meióticos.
Lars, o personagem principal, insano apenas para os polígonos à sua volta, poderia bem ilustrar que tangenciar ao mundo é algo bastante natural para quem sabe que pessoas podem ser invasivas como tangerina nos olhos.

Algumas pessoas, penso eu, são acessíveis como hóteis de várias quartos, todos ocupavéis de um mesmo e enfadonho modo. Outras, são como grandes rodovias naturalmente tangerinadas por uma luz artificial, por uma nostalgia Porto Alegre fria... temos delas somente um pequeno cheiro, uma presença doce que marca, mesmo que invisível. Não podemos contigenciá-las e estamos sempre perdendo seus meios de acesso, afinal círculos em movimento são pontos de fé, difíceis de ver se não acreditamos em fórmulas absolutamente vazias.


Amazing direction, amazing Ryan.

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