quarta-feira, 1 de setembro de 2010

e no escuro sem olhos.

Nem tudo que você tem eu quero. Nem tudo que você quer eu também gostaria de ter. E será que ultimamente as pessoas sabem o que querem?

Ou será que só sabem querer ter?


É complicado não querer coisas, às vezes a gente quer algo que está muito longe, algo que ainda não existe, algo que precisa ser inventado, ou as vezes a gente quer algo que sempre quis, e isso implica "na certeza de que nada mais terá o mesmo sabor"_1.



E o sabor da vida já não está no biscoito de polvilho da sua avó, nem mesmo na música romântica da rádio flash-back no caminho de volta, nem mesmo na expectativa de trazer pizza para casa numa boa sexta-feira.

O engolir é o mais importante, saborear é coisa de apenas um segundo, e segundos são pequenos demais para serem notados especialmente quando se não se olha pra baixo, quando não se quer ver quem varre seu chão, quem recolhe seu lixo, quem tolera o odor de sua torta humanidade.

Há espaço para não ter, não temos nada, hoje e sempre. Há tempo de olhar para cima, estar em baixo tem essa grande harmonia, já superou-se a queda, vê-se sempre o sol e as estrelas, hilariamentes pequenas para uma sociedade que só pensa em brilhar sozinha.

1 - Lisboya Kuya - Sara Tavares.

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